Ai um
belo dia você acorda e está na hora de ir. Mas para onde? Trabalhar? Comer em
algum lugar legal? Cinema? Encontrar com alguém especial? Que nada! Você vai é
para cadeia mesmo.
Quanto vale a sua liberdade? Valeria correr o risco por alguém que você
ama?
Curto muito quando livros são transformados em séries e posso citar
algumas produções homônimas como: Under the Dome, The Vampire Diaries,
Game of Thrones, Dexter,
Sherlock.
Por isso, é inevitável destacar a Netflix
não apenas como uma empresa que oferece o serviço de streaming, mas como
produtora de sérias fenomenais.
Sinopse:
Piper Chapman, Taylor Schilling,
moradora do Brooklyn, é condenada a cumprir 15 meses na prisão feminina de Litchfield, por colaborar com o tráfico de drogas, transportando dinheiro a
pedido de sua ex-namorada, Alex Vause,
Laura Prepon.
Toda a história havia acontecido 10 anos antes e assim,
Piper seguiu a vida: ficou noiva de Larry Bloom, Jason Biggs, fez projetos
para o futuro, consolidou suas relações de amizade e quando tudo parecia bem, a
surpresa: uma denúncia anônima que a delatava como parte de uma organização
criminosa.
Na prisão, o reencontro com Alex
e o desenrolar da trama que coloca em pauta a lealdade, paixão, atração, influência,
reparação, família e muito mais.
Baseada no livro homônimo de Piper
Kerman e adaptada por Jenji Kohan, a séria é uma comédia dramática da mais alta qualidade e que retrata o período
vivido pela autora na prisão.
Esta produção consegue captar a essência das pessoas, culturas e comportamentos que divergem absolutamente em
situações, por vezes, extremas.
Comentário geral
O primeiro episódio da primeira temporada foi marcante - eu
falo de um momento que daria frio na barriga de qualquer um. – Imagine, numa
noite, você dormir na sua cama... bem quentinha... e na outra, deitar em um
colchão duro de um presídio?
Foi assim que aconteceu com Piper. As horas que antecediam a sua prisão, os rituais de
despedida antes do dia derradeiro, dormir pensando nisso – confesso que eu não
pregaria os olhos. – Foi de uma intensidade absurda! Sem dúvida eu me projetei
nesta situação e vivi a tensão transmitida por ela.
Piper é uma protagonista diferente. Na verdade, uma
protagonista misturada com coadjuvante.
Ué? Por quê?
A leitura que faço é de que ela funciona como condutora; alguém que apresenta a Prisão de Litchfield para quem assiste
a série. Pense da seguinte maneira: se ela não fosse presa, não haveria estória.
Simples assim! E é por meio da vida dela que personagens complexos ganham vida.
Em linhas gerais, o protagonista é sempre aquela pessoa que terá
mais destaque e logo, você se identificará muito mais com ele do que com
personagens secundários. Porém, a relevância que os outros personagens têm é
enorme. É impossível não se importar com cada um deles e por vezes, se esquecer
de Piper.
Esta seria uma série de protagonistas
ou coadjuvantes? Difícil responder.
Mas vou tentar.
Chegamos onde eu queria, pois, falar sobre Orange, é falar de um grupo e não apenas
de um ser isolado. São as histórias cruzadas, flash back, que remontam a vida das detentas e dos guardas, personagens
importantíssimos na série, e dão profundidade às suas personalidades. Em certos
momentos, você compreende o motivo de estarem ali, de serem como são, ou
precisarem vestir uma “camuflagem social” para convívio na prisão.
Suzane Warren “Crazy Eyes”, interpretada por Uzoamaka Nwaneka " Uzo " Aduba.
Crazy Eyes tem uma característica
marcante: torna-se afetivamente ligada às pessoas. Seus olhos, salientes, são
assustadores e dão a ela o apelido mencionado. Na 1° temporada, desenvolve uma
paixonite por Piper e passa a corteja-la,
recitando poemas, dando-lhe presentinhos e... bom, demarcando território (isso
você verá no vídeo abaixo).
Quando criança, foi adotada por uma família
de pele branca. Preconceito, discriminação, bullying,
fizeram parte da vida da garotinha que cresceu e acabou presa.
A personagem é o alívio cômico da série com sua aparência desleixada e opiniões pouco reconhecidas. Isto só ressalta a sua profunda carência e a facilidade com que outras pessoas a manipula.
Kate Mulgrew “Red”,
interpretada por Kate Mulgrew
Red é uma personagem forte, poderosa, líder da
população branca na prisão conhecida como “Garotas Vermelhas” e é claro, russa
– ai já diz tudo.
É Chef de cozinha e em sua área, a
comida é graciosamente temperada com contrabando, produtos básicos que
alimentam os desejos da população carcerária – shampoo, chocolate, drogas,
cigarros.
É uma
mulher séria, mas ocasionalmente, sentimental - especialmente para as mulheres
em seus cuidados.
Antes
da prisão, ela e seu marido se envolveram com a máfia russa que controlava o
comercio da região onde morara, inclusive, o restaurante que eram donos.
Red
atraiu a ira de um dos chefes da máfia a partir de uma briga em que perfurou um
implante de silicone de sua esposa. Esse foi o passaporte para
cadeia.
George
"Pornstache" Mendez, vivido por Pablo Schreiber.
Pornstache, um trocadilho com as
palavras mustache (bigode) – e porn (pornô).
Ele é “sócio” de Red e contrabandeia drogas
para dentro da prisão. Alimenta os vícios de drogas das detentas e recebe favores
sexuais, algumas vezes, como forma de pagamento.
É corrupto, pervertido e aparentemente
psicótico. Utiliza sua autoridade para oprimir as garotas com frequência.
Contudo, o mundo dá muitas voltas e um
belo dia, vítima de uma armação das detentas, se vê preso a uma situação, à qual a lógica, não o ajudará escapar: o amor pela detenta Daya.
Apesar de sua “escrotidão”, é um
personagem engraçado, algumas vezes.
Para escrever sobre todos os
personagens, seria necessário muitas e muitas páginas. Porém, não é a
quantidade, mas a profundidade e importância – como dito antes – que cada um
agrega à série.
É esta grandeza que faz com que cada um
seja ao mesmo tempo, protagonista e coadjuvante - acho que respondi à pergunta –,
ao mesmo tempo.
Conduzidos por Piper e compartilhando a
vida de todos que habitam ou trabalham na Prisão de Litchfield,
nos tornamos mentores, juízes, psicólogos, advogados, amigos, conselheiros, de
uma infinidade de seres humanos que, mesmo encarcerados, encontram na rotina do
convívio, a liberdade na medida certa, para que continuem almejando sonhos
além dos muros de Litchfield.
No entanto, e para algumas, a liberdade nada mais é do que
afagar-se nos braços da pessoa que mais lhe dá segurança e esperança. Neste
ponto, não há distinção de sexo, religião, certo ou errado, pois a vida, intensa neste
ambiente, exige apenas uma coisa das pessoas que ali interagem: reinventar-se a cada dia.
Se aquele visual “pretinho básico” não lhe cabe mais, não lhe dá mais prazer e não realça a sua vida, talvez o laranja,
uniforme característico das detentas que chegam à Litchfield,
lhe caia bem. Uma cor quente, que significa alegria, vitalidade, prosperidade e sucesso. Que paradoxo!
Mas.... é preciso estar na prisão para conscientizar-se
disso?
Talvez aqui, mais uma resposta seja dada. Para Piper, a falta de protagonismo em sua
própria vida a levou para o laranja.
Quis o “destino” que essa vitalidade toda fosse encontrada além de sua zona de
conforto. Por isso, ser uma condutora, nada mais é do que o retrato fiel da
vida que levava antes de Litchfield.
O que estará reservado para Piper e toda a galera nesta nova temporada?
É neste dia dos namorados, 12/06, que estreia a 3° temporada de
Orange
Is The New Black, com todos os episódios disponíveis para aquela
gostosa maratona de final de semana.
1° temporada
Ano: 2013
Episódios: 13
2° temporada
Ano: 2014
Episódios: 12
3° temporada
Ano: 2015
Episódios: 13
Elenco:
Estou aguardando a 3º temporada ansiosa. A série é divertida, séria, comovente, cheia de emoções e histórias: uma verdadeira colcha de retalhos. Parabéns pelo texto!
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